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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vícios

Segundo a ideia muito fala de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiriam muita perseverança. É assim , por exemplo, que o homem inclinado à cólera se desculpa quase sempre com o seu temperamento. Em vez de se considerar culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus pelos seus próprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho, que se encontra mesclado a todas as suas imperfeições.
Não há dúvida que existem temperamentos que se prestam melhor aos atos de violência, como existem músculos mais flexíveis, que melhor se prestam a exercícios físicos. Não penseis, porém, que seja essa a causa fundamental da cólera, e a creditai que um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre pacífico, enquanto um Espírito violento, um corpo linfático não seria mais dócil. Nesse caso, a violência apenas tomaria outros caracteres. Não dispondo de um organismo apropriado à sua manifestação a cólera seria concentrada, enquanto no caso contrário seria expansiva.
O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade. O homem que é deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nada tem com isso, mas pode modificar o que relaciona com o Espírito, quando dispõe de uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam aos vossos olhos? Dizei, pois que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.
Texto retirado do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo" de Allan Kardec

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