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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Verdade sobre Cegueira

Meus bons amigos, por que me chamastes? Para que eu imponha as mãos sobre esta pobre sofredora que está aqui, e a cure? Ah, que sofrimento, bom Deus! Perdeu a vista, e as trevas se fizeram para ela. Pobre criança! Que ore e espere. Eu não sei fazer milagres, sem a vontade do bom Deus. Todas as curas que obtive, e que conheceis, não as atribuais senão Àquele que é o Pai de todos nós. Nas vossas aflições, voltai sempre os vossos olhos para o céu, e dizei, do fundo do vosso coração: "Meu Pai, curai-me, mas fazei que a minha alma doente seja curada antes das enfermidades do corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que a minha alma se eleve para vós com a brancura que possuía quando a criaste." Após esta prece, meus bons amigos, que o bom Deus sempre ouvirá, a força e a coragem vos serão dadas, e talvez também a cura que temerosa mente pedistes, como recompensa da vossa abnegação.
Mas desde que aqui me encontro, numa assembleia em que se trata sobretudo de estudar, eu vos direi que os que estão privados da vista deviam considerar-se como os bem-aventurados da expiação. Lembrai-vos de que Cristo disse que era necessário arrancar o vosso olho, se ele fosse mau, e que mais valia atirá-lo ao fogo que ser a causa da vossa perdição. Ah!, quantos existem sobre a Terra que um dia maldirão, nas trevas, por terem visto a luz! Oh!, sim, como são felizes os que na expiação, foram punidos pelos olhos! Seu alho não será causa de escândalo e de queda, e eles podem viver completamente a vida das almas, podem ver mais do que vós que tendes boa visão. Quando Deus me permite abrir as pálpebras de algum desses pobres sofredores e devolve-lo à luz, digo a mim mesmo: Alma querida, por que não conheces toda as delícias do Espírito, que vive de contemplação e de amor? Então não poderíeis para ver as imagens menos puras e menos suaves, que aqueles que podes entrever na tua cegueira.
Oh, sim, bem-aventurado o cego que quer viver com Deus! Mais feliz do que vós estais aqui, (à ler) ele sente a felicidade, pode tocá-la, vê as almas e pode lançar-se com elas nas esferas espirituais, que nem mesmo os predestinados da vossa Terra conseguem ver. O olho aberto está sempre pronto a fazer a alma cair; o olho fechado, pelo contrário, está sempre pronto a fazê-la subir até Deus. Crede-me, meus bons e queridos amigos, a cegueira dos olhos é quase sempre a verdadeira luz do coração, enquanto a vista é quase sempre o anjo tenebroso que conduz à morte.
Texto retirado do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec

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