(...) os dogmas fundamentais que percorrem do princípio anti-reencarnacionista, a sorte das almas está irrevogavelmente fixada após uma única existência. Essa fixação definitiva da sorte implica a negação de todo o progresso, pois se há algum progresso, não pode haver fixação definitiva da sorte. Segundo tenham elas bem ou mal vivido, vão imediatamente para a morada dos bem-aventurados ou para o inferno. Ficam assim imediatamente separadas para sempre, sem esperanças de jamais se reunirem, de tal maneira que pais, mães e filhos, maridos e esposas, irmãos e amigos, não têm nunca a certeza de se reverem: é a mais absoluta ruptura dos laços de família.
Com a reencarnação, e o progresso que lhe é conseguente todos os que amam se encontram na terra e no espaço, e juntos gravitam para Deus. Se há os que fracassam no caminho, retardam o seu adiantamento e a sua felicidade. Mas nem por isso as esperanças estão perdidas. Ajudados, encorajados e amparados pelos que os amam, sairão um dia ao atoleiro em que caíram. Com a reencarnação, enfim, há perpétua solidariedade entre os encarnados e os desencarnados, do que resulta o estreitamento dos laços de afeição.
Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro de além-túmulo:
1º- O nada, segundo a doutrina materialista.
2º- A absorção no todo universal, segundo a doutrina panteísta
3º- A conservação da individualidade, com fixação definitiva da sorte, segundo a doutrina da Igreja
4º- A conservação da individualidade, com progresso infinito, segundo a doutrina espírita.
De acordo com as duas primeiras, os laços de família são rompidos pela morte, e não há nenhuma esperança de se reencontrarem ; com a terceira, há possibilidade de se reverem, contando que estejam no mesmo meio, podendo esse meio ser o inferno ou o paraíso; com a pluralidade das existências que é inseparável do progresso gradual, existe a certeza da continuidade das relações entre os que se amam, e é isso que constitui a verdadeira família.
Texto retirado do livro "O Evangelho Segundo O Espiritismo" de Allan Kardec
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