A ideia de que João Baptista era Elias, de que os profetas podiam reviver na Terra, encontra-se em muitas passagens dos Evangelhos,(...)*. Se essa crença fosse um erro, Jesus não deixaria de combatê-la, como fez com tantas outras. Longe disso, porém, ele a sancionou(confirmou) com toda a sua autoridade, e a transformou num princípio, fazendo-a condição necessária, quando disse: "Ninguém pode ver o Reino dos Céus, se não nascer de novo". E insistiu, acrescentando: "Não te maravilhes de eu ter dito que é necessário nascer de novo".
Estas palavras:" Se não renascer da água e do Espírito", foram interpretadas no sentido da regeneração pela água do baptismo. Mas o texto primitivo diz simplesmente: Não renascer da água e do Espírito, (tradução de Osterwald) enquanto que em algumas traduções, a expressão do Espírito foi substituída por do Espírito Santo, (tradução de Sacy e de Lamennais) o que não corresponde ao mesmo pensamento. Esse ponto capital ressalta dos primeiros comentários feitos sobre o Evangelho, assim como um dia será constatado sem equívoco possível.
Para compreender o verdadeiro sentido dessas palavras, é necessário reportar à significação da palavra água, que não foi empregada no seu sentido específico. Os antigos tinham conhecimentos imperfeitos sobre as ciências físicas e acreditavam que a Terra havia saído das águas. Por isso, consideravam a água como o elemento gerador absoluto.(...).
Conforme essa crença, a água se transformara no símbolo da natureza material, como o Espírito o era da natureza inteligente. Estas palavras:" Se o homem não renascer da água e do Espírito", ou "na água e no Espírito", significam, pois:" Se o homem não renascer com o corpo e a alma". Neste sentido é que foram compreendidas no princípio.
*(Mateus, XVI: 13-17); (Marcos, VI: 14-15; Lucas, IX: 7-9); ( Mateus, XVII: 10-13; Marcos, XVIII: 10-12); (João, III: 1-12).
Texto retirado do livro " O Evangelho Segundo O Espiritismo" de Allan Kardec
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