Homens, por que lamentais as calunias que vós mesmos amontoastes sobre a vossa cabeça? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo: não vos admireis de que a taça da iniquidade tenha transbordado por toda a parte.
O mal-estar se torna geral. A quem se deve, se não a vós mesmos, que incessantemente procurais aniquilar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência, e como poderá esta existir juntamente com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Dedicai-vos, pois, à tarefa de destruí-lo, se não quiserdes perpetuar as suas funestas consequências. Um só meio tendes para isso, mas infalível: tomai a lei do Cristo por regra invariável de vossa conduta, essa lei que haveis rejeitado na sua interpretação.
Porque tendes em tão grande estima o que brilha e encanta os vossos olhos, em lugar do que vos toca o coração? Por que o vício que se desenvolve na opulência é o objeto da vossa reverência, enquanto só tendes um olhar de desdém para o verdadeiro mérito, que se oculta na obscuridade? Que um rico libertino, perdido de corpo e alma se apresente em qualquer lugar, e todas as portas lhe são abertas, todas as honras lhe são dispensadas, enquanto dificilmente se concede um gesto de proteção ao homem de bem que vive do seu trabalho. Quando a consideração que se dispensa às pessoas é medida pelo peso de ouro que elas possuem, ou pelo nome que trazem, que interesse podem ter elas em se corrigirem de seus defeitos?
Bem diferente seria, entretanto, se o vício doirado fosse fustigado pela opinião pública, como o é o vício andrajoso. Mas o orgulho é indulgente para tudo quanto o agrada. Século de concupiscência e de dinheiro, dizeis vós. Sem dúvida; mas por que deixastes as necessidades materiais se sobreporem ao bom-senso e à razão? Por que cada qual deseja se elevar sobre seu irmão? Agora, a sociedade sofre as consequências.
Texto retirado do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec
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